Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Sofri o livro todo. Duas angústias a consumir-me o peito: a necessidade premente de reler Ai de ti, Copacabana, de Rubem Braga, mas, pior, muito pior, Antonio ou Gregório? Pois é, começam a ser descaradas estas minhas paixões platónicas por cronistas brasileiros inteligentes e com sentido de humor. Nesta fase, já o meu namorado está resignado, exigindo apenas que assim se mantenham: platónicas. Disse-lhe que podia ser pior: «a mulher do Prata apaixonou-se pelo Keith Richards»; não pareceu ajudar.
Mas, caramba, como resistir ao autor de crónicas capazes de nos arrancarem gargalhadas mesmo que estejamos dentro do autocarro que eventualmente nos levará ao trabalho, numa segunda-feira de manhã chuvosa, e que enfrenta um trânsito caótico? Se isto não gera amor, não sei o que poderá fazê-lo. Foram belas horas, não só em transportes públicos - entenda-se -, mas à lareira e em finais de dias, entre risos, acenos de comunhão e experiências de vida partilhadas. Partilhadas por mim, claro está, o Antonio continuou na vida dele, insensível aos meus amores.
No final, quase em lágrimas, confessei baixinho: perdão, Gregório, pendi para o Antonio.