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Retiro tudo, TUDO, o que alguma vez possa ter dito sobre a tradução ou a revisão de um livro.
A ignorância é, de facto, muito atrevida.
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Papás e educadores, está na hora de deixarem os vossos rebentos irem acampar com os amigos. Só lhes fará bem passar uma noite rodeados de livros e outras crianças, sem tablets ou telemóveis, a ler e a ouvir contar histórias. Não lhes faltará alimento, nem no estômago nem no cérebro, e haverá quem cuide deles, nada temam.
Adoro o projeto Acampar com Histórias e convido-vos a visitar o site e a descobrir como funciona.
O primeiro acampamento de 2017 será em Leiria, já no próximo dia 31 de março. Os miúdos vão poder passar a noite na biblioteca municipal e eu queria, por um dia, voltar a ter entre 8 e 10 anos.
Por isso, aconselho-vos a ler o texto da Paula Dutra de onde retirei o excerto que se segue.
«Falar da literatura produzida por mulheres ainda é, infelizmente, falar de silêncios. Não o silêncio de quem não tem nada a dizer e se conforma em apenas ouvir os discursos hegemônicos. Pelo contrário, é um silêncio forçado, que há muito tenta apagar as histórias, os gritos, a dor, a voz e, acima de tudo, a força dessas mulheres que ousam escrever, que sabem ter algo importante a dizer. Mas esse silenciamento disfarçado de ‘silêncio’ – tão opressor como outras formas de violência – talvez até possa enganar quem está mais desatento, mas já não engana grande parte da população, principalmente essa nova geração de mulheres que está querendo ler mais escritoras e que têm contestado a ausência de livros publicados por mulheres pelas grandes editoras (e, consequentemente, sua presença nas principais livrarias), assim como sua ausência nas listas dos grandes prêmios literários.»
(ler mais aqui)
Uma homenagem a todas as escritoras que gravam, nas páginas eternas dos livros, o ponto de vista das mulheres, o outro lado de uma mesma história.
Conselho: não desistam nas primeiras 100 páginas. Bom, se o fizerem, como alguns leitores me confessaram assim que me viram com o livro, não vos posso censurar; eu mesma talvez o tivesse feito se fosse meu hábito deixar livros a meio. Permitam-me que vos diga o que correm o risco de perder: a vida das mesmíssimas personagens que conheceram nas primeiras páginas a desenrolar-se por décadas. Parece pouco? Na verdade são só adolescentes, de classes sociais diferentes — certos de serem, como todos os adolescentes, diferentes, interessantes, originais —, a crescerem e a tornarem-se adultos, atravessando os anos 70, 80, 90 e 2000 numa cidade caótica e cheia de possibilidades como Nova Iorque, a viver intensamente a descoberta de doenças perigosas e desconhecidas como a SIDA ou a tentar perceber como se sobrevive a uma selva urbana que nos engole.
É uma espécie de Caderneta de Cromos dessas décadas, vai passar-vos tudo à frente: das drogas, às depressões, lado a lado com a criatividade, os sonhos, as invejas, a maternidade, e segredos que se guardam uma vida inteira. Haverá tempo para defender causas sempre justas e atuais como o feminismo ou o alerta para a exploração de trabalho infantil em países subdesenvolvidos. Vai ser giro e interessante. Acreditem. Há história a acontecer a cada página virada, narrada de forma inteligente, com analepses nada forçadas. Inevitavelmente ligar-se-ão àquela gente — como poderia isso não acontecer num romance de 600 páginas e tão poucas personagens? — e descobrirão que o Carlos Tê resumiu o mundo com As Regras da Sensatez.
Esperei um final diferente, mas não devia. Tinha de ser assim, porque a vida é assim: acontece como bem lhe apetece. É um bom livro. É só isto que vos digo.
em Sapo24
Teme-se, portanto, o pior. Para a minha carteira, digo.
Será que vamos ter novíssimas edições brasileiras à disposição? A preços minimamente acessíveis?
Começa dia 1 de junho, não é? Estou lá batida!
E, para se irem preparando, um vídeo com algumas sugestões de literatura brasileira contemporânea: