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É triste olhar para os livros e pensar que são quase todos iguais, quando há uma infinidade de possibilidades. Isso é de uma pobreza e também reflete um cansaço. Os leitores estão cansados, as pessoas trabalham muito, têm vidas duras e há uma literatura para cansados, para pessoas que vêm do trabalho e que querem ler um livro como quem quer ter uma massagem ao final do dia. Mas a função da arte e da literatura não é descansar. É acordar, perturbar, refletir. Não deveríamos ver arte ou ler livros quando estamos cansados. A literatura e a arte exigem muito de nós.
As artes performativas são as que exigem mais. Exigem a nossa presença.
Os livros fortes também exigem a presença. Está a fazer-se cinema e literatura para cansados, no sentido em que é entretenimento, que serve para acalmar. Para mim, alguém dizer "estou muito cansado e por isso vou ler um livro" assusta-me bastante. É sinal de que é um livro para cansados. Se for um livro forte ninguém cansado o consegue ler.
Gonçalo M. Tavares, em entrevista ao Expresso (6 de abril de 2019)
Sempre que comemoro um aniversário do dia em que criei o meu canal literário no YouTube, dá-me para fazer um balanço sobre este percurso que conta agora seis anos. Ao reler o post do ano passado, percebo que me é impossível prever onde vou estar no ano seguinte. Porém, se me vangloriei pelo que correu bem, exige-se-me que tenha a coragem de admitir o que correu mal. Os pequenos passos em frente que exultei não levaram a mais do que ficar tão longe quanto estava.
A experiência de trabalhar numa editora não funcionou; não foi porque não tentei o suficiente, julgo que não foi por não ter capacidades suficientes. Às vezes não funciona. E o trabalho, a dedicação, a ambição e o amor não chegam. Mas, admito também, não foi tão bom como esperara. A realidade raramente faz jus à idealização.
Ainda que trabalhar numa editora continuasse a ser um desejo, é possível que tenha chegado o dia em que disse a medo, para que nem eu ouvisse, que não voltaria a fazê-lo, por falta de oportunidades ou de vontade. Pode ser que ainda chegue o dia em que me arrependa de ter tentado, com os sacrifícios que a tentativa acarretou. Não chegou. Mas já esteve mais longe.
Entretanto, outros planos foram sendo postos em prática e, noutros moldes, a literatura continua a estar presente no meu trabalho. Talvez fosse esse, afinal, o objetivo primordial. Se há seis anos criei um canal no YouTube para falar sobre livros porque, na altura, a literatura era a minha paixão e não tinha com quem compartilhar todas as experiências que me proporcionava, hoje a literatura continua a ser a minha paixão, mas vieram muitas outras formas de poder compartilhar tudo o que me oferece. Faz cada vez menos sentido para mim gravar vídeos e, na verdade, deixei de ter tempo para o fazer, pelo que não é descabido concluir que a pausa que se arrasta é, provavelmente, mais do que isso.
Todavia, já vimos, num ano muda tudo. Sei lá eu o que me reserva o próximo. Aguardemos. Sem vídeos, mas com livros.
Na categoria «Pessoas que caminham sobre as águas».
Para mim:
Para ele:
Para a mãe:
As pessoas. Conhecer a Rita, que trouxe o Brasil para perto, e a Sandra, do Say Hello To My Books. Estar outra vez com a Patrícia e falarmos de livros e conhecer a Catarina, também. Rever a Cláudia. Ter a companhia do Emanuel. Cruzar-me com antigos colegas.
Os livros. Os que trouxe para casa. Os que ficaram mas quis trazer. Os que olhavam para mim dos escaparates. Os bons. Os maus. Os assim-assim.
A sessão de autógrafos da Sandra, do Acordo Fotográfico. Os pais e irmão babados. Livros em dobro, porque cá em casa não partilhamos dedicatórias. A conversa de uma hora com o melhor editor português para todos aqueles que gostam de ler. A queixa feita, há muito guardada, sobre o spoiler de um clássico impresso na contracapa. A revelação surpreendente entre Tolstoi e Dosto. O senhor presidente da república que não resistiu a comprar o livro e pedir um autógrafo, porque também ele percebeu que a Sandra é uma pessoa especial.
O sol que me queima. O calippo, como se tivesse de novo doze anos. O parque. Lisboa inteira.
via Instagram
Há livros que não precisamos de ter, vamos lê-los uma vez e é quase certo que não voltaremos a pegar-lhes sequer para procurar uma citação. Já vos falei das maravilhas das bibliotecas públicas e eu sou a primeira a usufruir delas, por isso criei uma nova «estante» no Goodreads (que ficará em permanente construção). Chama-se «na-biblioteca-lx». Passei para lá todos os livros que estavam na wishlist, mas que não faço questão de ter, e que fazem parte do catálogo das bibliotecas municipais de Lisboa. Poupo-me a compras desnecessárias e tenho a vida facilitada quando quiser ir requisitar livros.
Penso que a lista pode ser vista por todos, mesmo por quem não tem Goodreads, por isso sintam-se à vontade para consultá-la. Se aderirem à ideia, partilhem comigo as vossas.
Boas leituras!
Foram duas noites de Hora H, foram duas noites em que visitei a Feira. O que é que já vos posso contar?
Na Porto Editora, só os livros com etiqueta laranja têm 50% de desconto. Depois da desgraça do outro dia, comprei apenas o Jovens Corações em Lágrimas, do Richard Yates, por 5€.
Na LeYa, todas as edições com mais de 18 meses têm 50% de desconto, ficam de fora as que já têm preço reduzido (4,90€ e assim). Vale a pena e podem comprar livros de bolso a metade do preço. Eu trouxe o último Jonathan Coe e quero um do Murakami mas aguardo pela capa mole. Disseram-me que ainda chega, aguardemos.
Na Cotovia, se quiserem os clássicos da Antiguidade safam-se com facilidade, se quiserem poesia e teatro mais obscuros, aconselho-vos a procurar a senhora de cabelo curto e loiro/ruivo porque ela sabe onde está tudo. Odisseia e Ilíada estão fora da Hora H.
Na Relógio D'Água, que Deus vos ajude. O pavilhão dos saldos, que está à direita de quem sobe, não entra na Hora H, mas os preços valem a pena de qualquer forma. No pavilhão da esquerda, ou sabem exatamente onde está aquilo que querem ou apenas uma pessoa das que estão a atender vos pode ajudar. Ninguém sabe onde está nada. Coragem.
Na Tinta-da-China, há alguns livros com 50%, não todos. São sobretudo as edições de capa dura, um ou outro livro de poesia (Miguel Manso e Matilde Campilho) e alguns de não-ficção. Queria O Bom Soldado Švejk, em capa mole, mas vou ficar a chuchar no dedo.
Na Penguin (de que faz parte a Alfaguara), só os livros com etiqueta branca estão com 50%. Acabei por não comprar nenhum, ainda estive vai não vai para trazer o Quando as Pombas Desaparecem, da Sofi Oksanen, porque gostei muito de A Purga, mas, mesmo com 50%, ainda eram 10€ e há muita Feira para desbravar. Não me cruzei com o Assim Começa o Mal, do Javier Marías.
Sobre as filas... Sobreviverão :) Escolham uma das mais cheias (LeYa, Porto Editora, Relógio D'Água) para vasculhar um pouco mais cedo e poderem pagar o mais próximo possível das 22h, mas com jeitinho dará tempo para tudo.
Boas compras!
Hoje é quarta? Se calhar ainda vou outra vez.
Ia à Feira só para espreitar e trazer para casa os Contos Completos dos Grimm porque a edição fazia valer a pena e porque era um dos livros do dia. Porém, acreditem ou não, praticamente pelo PVP desse livro consegui açambarcar todos os outros. É verdade que o do Andersen tinha saído da minha lista porque o rigor da edição não estava comprovado, mas o do Bloom e o do Carver estavam na lista há anos.
Vamos a contas que a Feira ainda está no início e pode dar jeito saber! Nas barraquinhas do grupo Porto Editora por cada 30 euros em compras, têm um desconto direto de 5 euros. Até aqui tudo certo. Mas esta promoção acumula com outra que diz que se gastarem 25 euros em livros que têm uma etiqueta azul e pagarem com MB Way, recebem de oferta um livro de etiqueta laranja.
Ora, sendo assim:
Contos Completos dos Grimm - 12,20€ (livro do dia, 50% de desconto)
Contos do Hans Christian Andersen - 12,20€ (livro do dia, 50% de desconto)
O que sabemos do amor, de Carver - 7€ (30% de desconto)
Génio, de Harold Bloom - oferta (pois!)
PVP de tudo somado: 88,70€. E eu paguei 26,40€ (e recebi um livro da coleção vampiro de oferta).
A Feira ainda está no início, nem sequer pus os pés na Hora H e já me cheira que isto tem tudo para correr mal para os lados da minha carteira. Mas, quem resiste a isto? Prometo vir partilhar todos os achados.
A Feira só fecha às 23h. Just saying.